Universo Musical
Além de músico e compositor, pesquisador das interconexões da música com filosofia, literatura e psicologia.
Além de músico e compositor, pesquisador das interconexões da música com filosofia, literatura e psicologia.
ORQUESTRA
PIANO
MÚSICA DE CÂMARA
John Cage e a Poética do Silêncio
Alberto Andrés Heller
O silêncio elogiado por John Cage não se opõe ao som: é-lhe co-presente, envolve-o; esse silêncio é o tempo, o invisível, o inatual; dá-se como abertura, horizonte de possíveis; faz-se presença (não é: torna-se); é ponto de fuga da representação ao mesmo tempo em que constitutivo dela; não se mostra como coisa/substância/ente, mas antes como modo da ação, estilo, profundidade, aura, dimensão, verticalidade, densidade; fenômeno de passagem e de pregnância: aquilo que, ainda não sendo, deixa-se arrebatar na direção de uma germinação do que vai ter sido, imbricação de inatualidades, criação em sentido radical, temporalização do tempo; modo (im)perceptivo que se abre e con-funde a uma não-especificidade, fluxo no qual os diferentes momentos no/do tempo se integram não numa unidade, mas numa multiplicidade difusa e aberta.
Fenomenologia da Expressão Musical
Alberto Andrés Heller
O termo fenomenologia designa um movimento filosófico iniciado por Edmund Husserl (1859-1938) na Alemanha, movimento que viria a incluir pensadores como Heidegger, Sartre, Merleau-Ponty e muitos outros. Como se depreende da própria palavra, trata-se do estudo dos fenômenos – mais especificamente, um retorno aos fenômenos (a máxima de Husserl será „retornar às coisas mesmas‟), o que significa discutir as bases de nosso conhecimento. Quais são os fundamentos de nossa experiência? E como falamos da experiência? Até que ponto distinguimos a experiência da idéia de experiência (ou o fenômeno de sua representação)?
Nesse retorno às coisas mesmas, mesmo o cientificismo deve ser questionado – as representações científicas segundo as quais eu sou um momento do mundo costumam ser ingênuas ou hipócritas, porque elas subentendem, sem mencioná-la, uma outra visão, aquelas da consciência, pela qual antes de tudo um mundo se dispõe em torno de mim e começa a existir para mim. Retornar às coisas mesmas é retornar a este mundo anterior ao conhecimento do qual o conhecimento sempre fala, e em relação ao qual toda determinação científica é abstrata e dependente.
O livro de Alberto Heller não se propõe a fazer uma fenomenologia da música, mas da experiência musical, o que se dá não através de uma perspectiva psicológica, mas filosófica. Questiona-se, aqui, o que normalmente é tido como evidente; se os livros de técnica instrumental discutem a melhor maneira de se mover o corpo, a preocupação fenomenológica coloca em discussão o próprio movimento, o corpo e o pensamento, bem como suas inter-relações.
A maior parte das pesquisas musicais voltadas à prática instrumental e interpretativa vem resultando na criação de “métodos”: como aprender a tocar o instrumento „x’ ou „y’ melhor e mais rapidamente (como ironiza Cage, “hoje podemos ir rapidamente de um canto ao outro do planeta; o que temos que nos perguntar porém é: queríamos afinal ter ido para lá?”). A facilidade dos meios nos fez esquecer ou
confundir os fins. Fala-se em „técnica‟ subentendo-se um meio rápido e eficaz para alcançar um objetivo, e nessa separação entre meio e objetivo estabelece-se uma relação de causa e efeito implícita na mentalidade de reprodução; nessa mentalidade, o fim do fazer é o produto. Muitas vezes, a educação procura fugir dessa mentalidade de produção e reprodução, deslocando a ênfase do produto para o produtor, da criação para o criador. Mas, mesmo nessa aparente “humanização”, encontra-se ainda implícita a mesma mentalidade, baseada na causalidade e na reprodutividade.
Heidegger, em suas últimas obras, aprofunda o conceito de técnica, chamando nossa atenção para o fato de que, na história do pensamento grego, esse termo recebe diferentes acepções: numa delas temos o significado hoje popularizado, de meio eficaz para um fim (a mentalidade de reprodução: a técnica nos possibilitando o acesso a um produto – uma ação com um fim); noutra, porém, o termo técnica não se refere a um fazer, mas a um deixar acontecer, um „deixar aparecer‟ (encontra-se uma idéia similar no pensamento oriental nas noções de „não-ação‟ ou „inação‟). Segundo Heidegger, “enquanto insistirmos em representar a técnica como um instrumento, ficaremos presos à vontade de querer dominá-la, e todo nosso empenho passará por fora da essência da técnica”.
Aparentemente, o pianista faria seus dedos se moverem para produzir música, o bailarino faria seu corpo se mover para haver dança, o orador faria seus lábios se moverem para falar. A ação, transformada em meio para se alcançar algo, torna-se objeto da vontade, comando ditado por um sujeito. Mas não é isso o que experienciamos no dia-a-dia: o orador não fica pensando palavra por palavra antes e durante a fala; o bailarino, enquanto dança, não fica dando ordens ao seu corpo do tipo
„levante a perna, dobre o braço, sorria, pule‟, nem o pianista dando ordens aos seus dedos enquanto toca. O pianista toca esquecido de seus dedos, o bailarino dança esquecido de seu corpo, o orador fala esquecido de seus lábios. A ação expressiva é, portanto, de outra ordem que a ação volitiva. Numa, meu corpo se move; na outra, faço meu corpo se mover.
Na expressão temos ação ao invés de operação. Na operação (na técnica de senso comum) teríamos um sujeito (uma consciência) que opera seu corpo (corpo dado como massa inerte à mercê de um indivíduo que o comanda) em função de um
determinado objetivo. Essa operação técnica prevê, portanto, um mecanismo de causas, meios e fins: um sujeito usa um corpo que usa um instrumento que produz um som que produz uma música que atinge um ouvinte. Mas tal separação entre expressão e expresso, sujeito e objeto, consciência e corpo, meios e fins não condiz com o que vivenciamos na ação. O corpo não é uma “massa inerte”; a consciência não é auto- suficiente nem a expressão um “conteúdo a ser transmitido a alguém”. É certo que posso mover meu corpo, mas também é certo que o corpo se move (é movido e movente); há uma motricidade espontânea que coordena meus movimentos independentemente de uma ordem ou comando, razão pela qual dizemos que esse corpo é um corpo motriz.
Ao voltar às coisas mesmas, a fenomenologia dá voz à experiência muda que, não obstante as palavras, jamais abandonamos. A experiência musical, antes de ser um saber, é uma vivência, que é o tema por excelência da fenomenologia. Através das noções fenomenológicas de intencionalidade, corpo-próprio, esquema corporal, expressão e tempo vivido (citando apenas alguns exemplos), espera-se, nesta obra, poder chegar aos fundamentos da ação musical.
O livro Fenomenologia da expressão musical é constituído de oito capítulos:
1. Do objeto musical
2. Ritmo e metro: espacialização da experiência musical
3. Ritmo e motricidade
4. Motricidade e expressão
5. Expressão e temporalidade
6. A desconstrução da representação do corpo-próprio na experiência musical: a questão da técnica
7. A percepção do corpo-próprio e a redescoberta do tempo vivido: a questão do ritmo
8. A compreensão do tempo vivido e a expressão musical: a questão da interpretação
Corpo-Energia-Movimento na música: como dar vida, intensidade e organicidade à interpretação musical (workshop)
Do som ao movimento: a questão da técnica (curso)
O fazer e o deixar: a temporalidade na/da criação artística (palestra)
O método fenomenológico e suas possibilidades no estudo da música (palestra)
1. SOLO | |
D. SCARLATTI |
Sonatas (20 sonatas) |
A. SOLER |
Sonata em ré maior |
HÄNDEL |
Suíte em ré menor |
J. S. BACH |
15 Invenções a duas vozes |
C. P. E. BACH |
Württembergische Sonate nº1 em lá menor, W49/1, H30 |
HAYDN |
Sonata nº31 em lá bemol maior, Hob.XVI/46 |
MOZART |
Integral das Sonatas para piano (18 Sonatas) |
BEETHOVEN |
Sonata Op.2 nº1 em fá menor
|
SCHUBERT |
Sonata em lá menor, Op. post. 164, D 537 |
MENDELSSOHN |
Variações sérias em ré menor, Op.54 |
SCHUMANN |
Papillons, Op.2 |
CHOPIN |
4 Ballades (Op.23, Op.38, Op.47, Op.52) |
LISZT |
Anos de Peregrinação I, II e III (integral) |
GRIEG |
Peças Líricas (1, 20, 21, 25, 32, 33, 41, 42, 52, 53, 56) Holberg Suite Op.40 Suíte Peer Gynt Sonata Op.7 |
BRAHMS |
4 Baladas Op.10 |
CÉSAR FRANCK |
Prelúdio, Coral e Fuga |
FAURÉ |
Noturnos nº3, 4, 9 |
DEBUSSY |
24 Prelúdios (integral) |
RAVEL |
Pavane pour une infante défunte |
SATIE | 3 Gymnopédies 4 Ogives 6 Gnossienes Danses de travers (Pièces froides) 5 Nocturnes Je te veux |
MESSIAEN |
8 Prelúdios |
MUSSORGSKI |
Quadros de uma exposição |
SKRIABIN |
Fantasia em si menor Op.28 Valsa em lá bemol maior Op.38 Sonata nº2 Sonata nº4 Sonata nº10 |
RACHMANINOV |
Prelúdios Op.3 nº2, Op.23 nº5, Op.23 nº10, Op.32 nº10 |
PROKOFIEV |
Sonata nº1 em fá menor, Op.1 Sonata nº2 em ré menor, Op.14 Sonata nº3 em lá menor, Op.28 Sonata nº4 em dó menor, Op.29 Toccata Op.11 |
KHACHATURIAN |
Toccata |
SCHOSTAKOVICH |
Prelúdio e Fuga Op.87 nº24 |
BÉLA BARTÓK |
Quatro peças para piano Mikrokosmos (integral – seis volumes) 14 Bagatelas Op.6 2 Danças Romenas Op.8ª Allegro barbaro |
ZOLTÁN KODÁLY |
Meditação sobre um tema de Debussy |
BUSONI |
Sonatina seconda |
SCHÖNBERG |
Três peças para piano Op.11 |
ALBAN BERG |
Sonata Op.1 |
JOHN CAGE |
In a Landscape |
TORU TAKEMITSU |
Litany |
PHILIP GLASS |
Opening |
GERSHWIN |
Rhapsody in Blue |
DELLO JOIO |
Sonata nº3 |
LIGETI |
Musica ricercata |
MARTINU |
Borboletas e pássaros do paraíso |
ALBENIZ |
Evocación |
GRANADOS |
Goyescas |
JOAQUÍN RODRIGO |
Tres Evocaciones |
VILLA-LOBOS |
Bachianas Brasileiras nº4 (4 peças) Ciclo Brasileiro (4 peças) Hommage a Chopin A lenda do caboclo Cirandinhas (12 peças) Valsa da dor Choro nº5 Estudo ("Ondulando") |
E. NAZARETH |
Odeon Brejeiro Apanhei-te cavaquinho Escorregando |
FRANCISCO MIGNONE |
Congada |
CAMARGO GUARNIERI |
Dança brasileira Dança negra Dança selvagem Ponteios |
GUERRA-PEIXE |
Suíte Paulista (4 peças) |
CLAUDIO SANTORO |
Sonata nº4 (sonata-fantasia) 7 Paulistanas 12 Prelúdios |
EDINO KRIEGER |
Sonatina |
GINASTERA |
3 Danças Argentinas, Op.2 3 Peças para piano, Op.6 Malambo, Op.7 12 Preludios americanos Op.12 Suíte de danzas criollas, Op.15 Rondo sobre temas infantiles argentinos, Op.19 Sonata nº1, Op.22 Sonata nº2, Op.53 Sonata nº3, Op.55 Toccata (transcrição da Toccata para órgão de Zipoli) |
2. COM ORQUESTRA | |
HAYDN |
Concerto em ré maior Hob.XVIII,11 |
MOZART |
Concerto nº12 em lá maior, KV414 Concerto nº15 em si bemol maior, KV450 Concerto nº17 em sol maior, KV453 Concerto nº20 em ré menor, KV466 Concerto nº21 em dó maior, KV467 Concerto nº23 em lá maior, KV488 Concerto nº24 em dó menor, KV491 Concerto nº26 em ré maior, KV537 |
BEETHOVEN |
Concerto nº1 em dó maior, Op.15 Concerto nº3 em dó menor, Op.37 Concerto nº4 em sol maior, Op.54 Concerto nº5 em mi bemol maior, Op.74 Fantasia Coral Op.80 Concerto tríplice Op.56 |
WEBER |
Konzertstück Op.79 |
MENDELSSOHN |
Concerto nº1 em sol menor Op.25 |
SCHUMANN |
Concerto em lá menor Op.54 |
LISZT |
Concerto nº1 em mi bemol maior |
GRIEG |
Concerto em lá menor |
BRAHMS |
Concerto nº1 em ré menor, Op.15 |
TCHAIKOWSKY |
Concerto nº1 em si bemol menor Op.23 |
PROKOFIEV |
Concerto nº1 Op.10 |
SCHOSTAKOVICH |
Concerto nº1 Op.35 |
BARTÓK |
Concerto nº3 |
VILLA-LOBOS |
Bachianas Brasileiras nº3 Concerto nº3 Concerto nº4 |
GINASTERA |
Concerto nº1 Concerto nº2 |
MICHAEL NYMAN |
Concerto |
A. A. HELLER |
Tango-Toccata (para pianos e cordas) Concerto nº1 para pianos e orquestra Variações sobre Tico-Tico no Fubá (piano e cordas) Aurora consurgens (Concerto para piano, violino, viola e orquestra) |
3. MÚSICA DE CÂMARA (seleção) | |
Piano Trio | MOZART: Trios 1 a 5 HAIDN: Trio em sol maior BEETHOVEN: Trios 1 a 7 BRAHMS: Trio 1 SCHUBERT: Trios 1 e 2 MENDELSSOHN: Trios 1 e 2 TCHAIKOWSKY: Trio SCHOSTAKOVITCH: Trio 2 DEBUSSY: Trio PIAZZOLLA: Las quatro estaciones porteñas ALBERTO HELLER: O Tango perdido STRAWINSKY: A história do soldado |
Quarteto com piano | MOZART: Quartetos 1 e 2 SCHUMANN: Quarteto 1 MAHLER: Quarteto RICHARD STRAUSS: Quarteto |
Quinteto com piano | MOZART: Quinteto piano e sopros BEETHOVEN: Quinteto piano e sopros SCHUMANN: Quinteto SCHUBERT: Quinteto "A truta" PROKOFIEV: Abertura sobre temas hebraicos |
Duo com violino | MOZART: integral das sonatas para violino e piano BEETHOVEN: integral das sonatas para violino e piano BRAHMS: Sonatas 1, 2 e 3 C. FRANCK: Sonata DEBUSSY: Sonata SZYMANOWSKI: Sonata BARTOK: Danças rumenas GUASTAVINO: Las presencias |
Duo com violoncelo | BEETHOVEN: Integral das sonatas para violoncelo e piano BRAHMS: Sonatas 1 e 2 RACHMANINOV: SonataOp.19 DEBUSSY: Sonata ERNST MAHLE: Sonatina DIMITRI CERVO: Papaji ALCEO BOCCHINO: Suite CAMARGO GUARNIERI: Ponteio e dança GINASTERA: Pampeana nº2 PIAZZOLLA: Le grand Tango MARTINU: Variações |
Duo com flauta | SCHUMANN: Peças fantásticas REINECKE: Sonata "Undine" CHAMINADE: Concertino PATÁPIO SILVA: Obra integral RADAMÉS GNATTALI: Sonatina BRENO BLAUTH: Sonata T5 |
Lieder | Inúmeras parcerias com cantores(as) líricos(as) nas quais foram apresentadas as principais obras do repertório |