A vantagem de uma auto-entrevista é não precisar responder perguntas inúteis, idiotas ou constrangedoras (embora as respostas possam ser inúteis, idiotas e constrangedoras). Vamos a elas:
1. Você sempre quis ser músico? Não, eu queria ser escritor. A música veio mais tarde e aos poucos. Quando finalmente me decidi por ela, o que mais me motivou foi a ideia de viajar pelo mundo e tomar café da manhã em hotéis.
2. As pessoas acham que você é uma pessoa séria; você é? Já fui sério (acho que dos 15 aos 35) mas parei com essa mania. Ainda tenho uma máscara de sério para ocasiões solenes, mas depois de algumas horas sinto que o rosto começa a doer e fico louco para falar bobagens.
3. Qual a tua religião afinal? Sei lá! Minha mãe é judia, meu pai era ateu (“graças a Deus”, brincava ele); fui batizado como católico, frequentei a umbanda e o espiritismo mas me identifico principalmente com o budismo (especialmente o Zen). Junte tudo isso e dá…. algo estranho.
4. Você sempre foi um apaixonado por literatura, música, filosofia e psicologia; com qual mais se identifica? Depende da época; mas se fico tempo demais numa só, começo a me sentir agoniado. Gosto é de passear entreelas.
5. Das tuas composições, qual é a preferida? Sou um otimista, sempre acho que a melhor obra será a próxima. Mas das que fiz até agora, acho que o Concerto “Aurora consurgens”.
6. Você acredita em horóscopo? Nós geminianos somos muito céticos. Ainda mais com ascendente em Peixes. Os dois são duplos, logo sou quádruplo – quando bebo fico óctuplo. Isso explica muita coisa.
7. Você costuma procrastinar? Sempre que possível, mas dou a isso outro nome: período gestacional.
8. Você sempre fugiu?Eu era o mais novo de três irmãos e na escola sofria bullying; não era fuga, era “retirada estratégica”. Anos mais tarde virei faixa preta em karatê, mas meu mestre sempre disse: ao ver confusão, caia fora. Ou seja: antes era por covardia, hoje por sabedoria.
9. Você se sente argentino ou brasileiro? Na Argentina dizem que sou brasileiro, no Brasil dizem que sou argentino, quando vivi na Alemanha isso não fazia diferença porque era simplesmente sul-americano. Pelo menos nisso sou judeu: eternamente estrangeiro.
10. Politicamente você é bastante ambíguo e costuma ser criticado tanto pela esquerda quanto pela direita; afinal, você é de direita ou de esquerda? Acredito mais em bom senso que em partidos; atender às necessidades básicas de uma população, por exemplo, não tem a ver com direita nem com esquerda, é dever e pronto. Sou a favor de cargos técnicos. Não sou neutro nem “de centro”: para algumas coisas tendo à esquerda (saúde, educação, transporte, saneamento), para outras tendo à direita. Serão incompatíveis essas posturas? Talvez não. Mas é por isso que sou artista e não político.
11. Uma cor. Cinza
12. Uma música. Adagio para cordas, de Samuel Barber.
13. Um livro. O espelho no espelho, de Michael Ende.
14. Uma banda. Katzenjammer e Rammstein. Era pra ser só uma. Falei duas, e daí, qual o problema? Vai invocar por causa disso? Você sabe que odeio normas, sou anarquista. Anarquista, impaciente e teimoso. Vamos à próxima:
14. Uma banda. Katzenjammer e Rammstein. Era pra ser só uma. Falei duas, e daí, qual o problema? Vai invocar por causa disso? Você sabe que odeio normas, sou anarquista. Anarquista, impaciente e teimoso. Vamos à próxima:
15. Um filme. Asas do desejo, de Wim Wenders.
16. Um animal.Hipopótamo.
17. Um último comentário. Já era hora!
Alberto Heller
4 Comentários. Deixe novo
Esclarecedor!!! Kkkkk!!!! Só você, mesmo, para pensar numa auto-entrevista para comemorar no seu blog!!! Quádruplo?! Affff!!! Isso explica porque gosta de estar só… porque está sempre numa multidão!! Kkkk!!! Adorei a entrevista! Parabéns pelos 80 textos!
Parabéns pela coragem de expor seu eu interior para seu eu perguntador. Não fugiu das perguntas, nem por covardia e nem por sabedoria.abraço
Obrigado Valéria! Beijo!
Obrigado Marcelo! Grande abraço!