O curriculum mortis é tudo aquilo que nos levou ao que tão orgulhosamente escrevemos no curriculum vitae – mas que preferimos manter em silêncio ou, se possível, no esquecimento. Bobagem – afinal, foi justamente isso que nos tornou o que somos, que nos trouxe aonde estamos. Aquelas mil cagadas que fizemos, as situações constrangedoras em que nos metemos, os fracassos, as derrotas, os micos, as enrascadas, os relacionamentos amorosos com gente maluca que depois ficamos pensando se foi insanidade temporária, auto-sabotagem ou aposta perdida. Pois é, tudo isso somos… nós. Fatos e fotos que não postamos no Facebook nem no Instagram, que não vão no Linkedin nem no Lattes, que nos recusamos a incluir em nossas biografias e que evitamos contar até mesmo à nossa família e aos nossos amigos (omissões, não mentiras!).
Essa parte (enorme) de nossa história que inclui desde os “onde eu estava com a cabeça” até os “como pude”, passando ainda pelos “puta-merda, não acredito que fiz isso” até os infalíveis “porra, de novo não!” (sim, de novo – pra ver se finalmente aprendemos). Conjunto que teve, porém, sua serventia e seu mérito, não é mesmo? Tudo serviu ao Grande Propósito; insondável, como o Divino, mas ainda assim um propósito.
Não se trata de azar nem de destino, não é karma nem coincidência, você não está sendo testado como Jó; simplesmente a vida é assim mesmo, aceite. Ninguém falou que seria um mar de rosas. Por isso relaxe, sorria, aproveite mais, compre livros sem culpa (ou sapatos ou viagens) e vá ao cinema – com pipoca GG e refrigerante de litro (segunda-feira essas calorias serão o curriculum mortis a ser queimado na academia). É a vida…
Alberto Heller
2 Comentários. Deixe novo
Kkkkk!!! Perfeito! Mas você se esqueceu do "e se" e do "já que"…. tão presentes no curriculum mortis, também!
Verdade rs