Pianos
muitos deles – um bando inteiro:
negros, maciços,
caudas longas e insinuantes,
rastejam na escuridão e
espreitam desde seus esconderijos – selvagens
esgueirando-se invisíveis atrás de árvores e arbustos.
Finalmente caçados,
são levados e trancafiados em teatros,
onde ficam à mercê dos olhares curiosos do público.
Domadores de fraque os enfrentam, temerosos,
arriscando as mãos em suas mandíbulas brancas.
Findo o espetáculo, todos se vão.
Fica a fera, só,
contorcendo-se em mudos soluços de banzo.
Alberto Heller
2 Comentários. Deixe novo
" fera ferida na alma e no coração" , amei o soluço de banzo…..
Soluçando até que o próximo domador de fraque chegue e o tire do silêncio incômodo… para deleite e delírio da plateia curiosa!